Uma das promessas de campanha do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a retomada do crescimento dos empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) será difícil de ser cumprida, uma vez que a restrição fiscal e a dívida pública elevada devem impedir uma grande ampliação de recursos para o banco.
Desde o fim do governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em agosto de 2016, os desembolsos do BNDES passaram por forte recuo diante do orçamento limitado do Tesouro e da mudança de direcionamento do banco. O volume caiu de R$ 135,9 bilhões, em 2015, para R$ 64,3 bilhões, em 2021.
Esse espaço deixado pelo BNDES foi preenchido principalmente pelas emissões de dívida no mercado de capitais, com o volume de ofertas de debêntures crescendo 291% no período, subindo de R$ 64,1 bilhões, em 2016 (primeiro ano da série da Anbima), para R$ 250,5 bilhões, em 2021.
Com os custos dos empréstimos mais próximos dos encontrados no mercado e com a mudança da política de desembolsos do banco, a participação do BNDES na composição do financiamento das empresas recuou de 18,3%, em 2015, para 7,2%, em setembro de 2022, segundo levantamento do Cemec (Centro de Estudos de Mercado de Capitais).
Já a participação das emissões de dívida no mercado de capitais no financiamento das empresas cresceu de 9,9% para 20,5%, no período.
“Considerando as emissões de dívida e ações, hoje 62% do financiamento das empresas vêm do mercado de capitais”, afirma Carlos Antonio Rocca, coordenador do Cemec-Fipe e autor do estudo.