Nota CEMEC 10/2022

Nota CEMEC 10 - Projeções indicam redução do custo de financiamento das empresas em 2023.
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Desde 2016 a gestão financeira das empresas tem se defrontado com grandes desafios, representados pelos impactos da pandemia e da Guerra da Ucrânia sobre a receita de vendas, irregularidade do suprimento de insumos, choques de preços e forte variação das taxas de juros. Além da incerteza das projeções do fluxo de caixa, a tarefa de financiar as atividades e os investimentos, preservar a liquidez e solvência e reduzir os custos de capital da empresa adquire grande complexidade e requer o acompanhamento das condições correntes de financiamento e principalmente das expectativas de sua evolução no futuro. O objetivo desta Nota CEMEC Fipe é apresentar um breve retrospecto da evolução recente dos custos de capital, dos ajustes realizados pelas empresas na composição de suas fontes de financiamento e principalmente apresentar projeções dos custos de financiamento das empresas para 2023.

A análise da evolução dos custos de dívida e de capital próprio das empresas a partir de 2019 e até setembro de 2022 indicam grandes variações, em linha com os ciclos de política monetária. O deslocamento do nível, inclinação e curvatura das curvas de juros nesse período mostra a magnitude das mudanças, evoluindo desde uma curva crescente para curvas de inclinação invertida, refletindo a adoção de política monetária restritiva desde meados de 2021.

Nesse contexto a gestão financeira das empresas adquire grande complexidade, visando otimizar suas condições de financiamento de modo a reduzir o custo de capital e gerar valor para empresa. As decisões de financiamento demandam respostas a algumas perguntas que vão exigir também projeções das taxas de juros de cada fonte de recursos. Quais fontes de recursos são as melhores em termos de taxas de juros e prazos de amortização? Crédito bancário, dívida corporativa ou recursos externos? Agora ou nos próximos meses? O que é melhor? Fazer operações de curto prazo para depois alongar ou exatamente o contrário? Antecipar resgate ou alongar prazos?

Mudanças significativas de participação de cada fonte de recursos na captação líquida das empresas revela grande agilidade da sua gestão financeira, no sentido de equacionar o financiamento do fluxo de caixa e minimizar o custo de capital. Verifica-se que em resposta às mudanças das taxas de juros de crédito bancário, taxas de títulos de dívida do mercado de capitais e do custo de capital próprio, as empresas mudam composição de seu financiamento de modo a se ajustar às condições de mercado e às expectativas.

As projeções do custo de financiamento das empresas desenvolvidas pelo CEMEC Fipe têm o propósito de oferecer aos executivos de finanças indicadores e análises da evolução recente e projeções das curvas de juros, custos e condições de captação de recursos, baseados num cenário macroeconômico de mercado. Não obstante o elevado grau de incerteza de qualquer projeção para 2023, agravado pela ausência de definição da política fiscal do novo Governo, as últimas projeções de mercado, reveladas principalmente na pesquisa FOCUS do BCB, não incorporam ainda o aumento de gastos da PEC da transição.

Nesse cenário, as projeções das curvas de juros e custos de financiamento das empresas para os próximos meses e até setembro de 202, nas operações de crédito e de dívida no mercado de capitais, indicam tendência de queda das taxas de juros, em linha com déficit primário moderado e expectativas de queda da taxa de inflação e da taxa SELIC. Entretanto, com a perspectiva de continuidade de elevação das taxas de juros internacionais, lideradas pelas taxas de juros nos EUA, as projeções indicam aumento do custo de financiamento com recursos externos.

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