Custo da dívida das empresas cai, mas dúvida sobre área fiscal pode reduzir ritmo de queda

Nas grandes companhias de capital fechado, a média cobrada no fim do 1º semestre era de 15,6%

 

Por Álvaro Campos — De São Paulo, 14/09/2023

 

Com a reunião do Copom na próxima semana, que deve seguir no ciclo de corte da taxa de juros, as condições financeiras para as empresas devem manter a trajetória de melhora recente. Mas, apesar do cenário mais benigno, “soluços” ainda podem ocorrer, segundo especialistas. A inadimplência entre as pessoas jurídicas segue elevada e desconfianças sobre o plano fiscal do governo, mais claro nas últimas semanas, apontam desaceleração na queda do custo da dívida, que só deve voltar a cair com mais força na virada do ano, afirmam economistas.

Estudo do Centro de Estudos de Mercado de Capitais (Cemec-Fipe) mostra que o custo da dívida das companhias abertas atingiu o pico no 1º bimestre, ficou estável nesse nível alto até maio e começou a cair em junho. “A tendência para os próximos meses é que a queda da Selic diminua o custo de captação das empresas”, diz Carlos Antonio Rocca, coordenador do Cemec-Fipe. Para ele, porém, houve piora na confiança em relação às metas fiscais para 2024, o que fica claro nos títulos públicos mais longos emitidos pelo governo, que têm rentabilidade indexada à inflação (NTN-B) e se refletem na curva futura de juros.

Nas grandes empresas de capital fechado, o custo fechou o semestre em 15,6%. Antes do início do ciclo de alta dos juros, quando a Selic estava em 2%, o indicador chegou a cerca de 8%. Analistas observam que, considerando o Boletim Focus, a taxa de juros deve ficar em 9% no fim do ciclo de queda. Nesse cenário, o custo da dívida não se reduzirá ao nível do pré-pandemia.

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