Valor Econômico: Custo da dívida de empresas de cair mais do que a SELIC.

Custo da dívida de empresas deve cair mais do que a Selic

 

Entre os fatores que devem influenciar o recuo estão a queda nos preços das commodities e no índice da inflação, prevê Cemec/Fipe

 

Por Rita Azevedo

 

As taxas de financiamento das empresas brasileiras devem cair com mais força em 2023 do que os juros básicos, projeta Carlos Antonio Rocca, coordenador do Centro de Estudos de Mercado de Capitais da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Cemec/Fipe). Entre os fatores que devem influenciar o recuo estão a queda nos preços das commodities e no índice da inflação, o aumento dos juros nos EUA e a redução da taxa básica no Brasil, afirma Rocca.

 

Em setembro de 2023, os juros nos financiamentos bancários devem chegar a 18,17% ao ano, quase cinco pontos percentuais inferiores aos 23,11% do mesmo mês de 2022, indica o Cemec. A projeção para a taxa das debêntures - títulos de dívida emitidos pelas empresas - no período é de 10,68% ao ano, uma queda de 2,23 pontos percentuais ante setembro de 2022.

 

A possibilidade de captar recursos a um custo menor é um alívio, sobretudo para companhias que nos últimos meses tiveram os resultados impactados pelo aumento das despesas financeiras.

 

A Simpar, controladora da JSL e da Movida, registrou queda de 92,5% no lucro líquido no 3o trimestre, para R$ 18,5 milhões, devido ao aumento das despesas financeiras. A empresa atribuiu a piora do desempenho ao “aumento substancial das taxas de juros no país, que praticamente triplicaram” na comparação anual.

 

“O fluxo de negócios é muito bom e estamos imaginando um ano de 2023 com crescimento, mesmo considerando que 2022 foi um ano forte”, diz Samy Podlubny, da área de emissão de dívida do UBS BB.

 

Do lado dos bancos, a expectativa é de aumento da oferta de crédito para empresas e de redução dos juros, segundo Rubens Sardenberg, diretor da Febraban.

 

Apesar de a incerteza fiscal ter afetado as expectativas sobre os juros em 2023, por ora não alterou a previsão do Cemec. “Na hipótese, que julgo improvável, de ausência completa de compromisso do governo com a solvência da dívida pública, o cenário macro muda e todas as projeções mudam”, disse Rocca.

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